sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Portugalidade afrontada

PORTUGALIDADE AFRONTADA
J. Jorge Peralta

Réplica 1 a uma crítica do senhor Cipriano.
Publicada no Portugalclub, de 02/08/2010

Caro senhor

1. De partida, agradeço suas provocações. Gosto de ser provocado. Fico incomodado quando meus textos não produzem reação.
Esta é a nossa segunda confrontação. A primeira foi em 2009.
Não sei a qual ou a quais textos  se refere a crítica apressada. De qualquer forma refere-se a textos que publiquei há mais de um ano, ou no Portugalclub ou no Tribuna Lusófona.
A crítica, embora inconsistente, está no ar. Precisa ser respondida para que não pareça que estou de acordo com ela. Não estou. Nem posso estar. Preciso então reagir, com todo o respeito, ainda que não queira.
Pelo seu texto percebo que está consultando os textos do meu site www.tribunalusofona.blogspot.com, onde há algumas dezenas  de textos que o senhor pode ler à vontade. É um espaço  aberto. Escrevo  para ser lido. Não seleciono os leitores.
Hoje sou um soldado, da Lusofonia. Minha arma é a caneta ou o teclado. É a palavra.

No entanto, desculpe-me, mas não entendi o que o senhor quis dizer, com sua frágeis contestações. Contestação exige confronto de argumentos, buscando o contraditório do que afirmei.
Suas contestações, que não dizem nada, são contestações vazias, sem referente. Não ficam bem, num homem de bem. É a típica contestação do grupo sentado no poder. É contestação do faz de conta.
Argumento se derruba com argumentos apoiados em fatos objetivos. Diz o seu texto que “a realidade é outra absolutamente inversa à apresentada”. A que o senhor se refere? Não sei. Suas afirmações são gratuitas. Absolutamente gratuitas.Tenho algumas dezenas de trabalhos publicados na Internet, focados na Lusofonia. A quais deles se refere a sua contestação? O senhor criou um tigre de papel para nele subir?!

2. Disse-lhe que gosto de ser provocado, mas com argumentos válidos. Depois de mais de 40 anos de trabalho em grandes universidades, ainda me considero um aprendiz. Não decretei a minha infalibilidade, como alguns fazem. Aprendo todos os dias.
Olhei o seu comentário, esperando aprender algo que somasse. Mas frustrei-me. O senhor falou,  e contestou e nada acrescentou; nem disse a que texto se refere. É crítica gratuita.
Fiquei com a ideia de que o senhor leu e não entendeu, ou não gostou e não quis entender, ou não leu e não gostou.
Senhor, não lhe fica bem subestimar ou desdenhar dos trabalhos que leu apressado. A crítica séria é sadia é desejada. Mas que seja séria. A realidade tem muitos ângulos para serem analisados.

3. Nos meus trabalhos, porque emprego, às vezes, linguagem contundente e não fico em cima do muro, conto que poderei sempre ter alguém que me conteste. Quem discorda, desde que tenha base teórica, está no seu direito democrático. Só não pode contestar gratuitamente, seja qual for o motivo. Não merece respeito quem não respeita.

Percebo que o senhor quer contestar minha posição, em relação ao “vinte cinco”. Nada a opor.
O senhor defende o 25 de Abril. Está no seu Direito e tem até alguns argumentos válidos, se os procurar. Eu contesto o 25 de Abril e grande parte dos “vintecinquistas”. Digo que o 25 de Abril foi traído. Todos sabem que foi. Não dá mais para esconder.
O País está abarrotado de denúncias fundamentadas e documentadas.
Dói-me dizer isto. Gostaria muito de  estar enganado e então rever as minhas posições. Mas também sei que nem tudo são sombras no 25 de Abril, felizmente.
O 25 de Abril foi um sonho frustrado e frustrante. Foi uma grande promessa. Só. Era preciso fazer mudanças no percurso, mas com sabedoria e dignidade. Os traidores foram mais ágeis, tomaram o timão de assalto e conduziram o barco da nação, para campos mais tormentosos. Continua de tormenta em tormenta.
O Povo não é quem mais manda, é quem sofre as conseqüência e se submete... O Zeca Afonso deve estar frustrado. O povo não manda, é mandado e humilhado! O “mando” do povo foi só encenação para  jornalista ver, relatar e fotografar.
Quer argumentos? Nem precisa sair do Portugalclub. Aqui há argumentos e fatos arrasadores, capazes de preencher uma enciclopédia.
O senhor Verdasca é um dos que aqui expuseram textos irrefutáveis.

4. O 25 de Abri foi traído quase no nascedouro, mas manteve por anos, a imagem bela de um movimento democrático a serviço da nação. Imagem vazia, mas bem enfeitada e perfumada... Uma bela farsa. Muita pena. Portugal merecia um 25 de Abril repleto de dignidade.
Perdemos uma grande oportunidade. Em vez de melhorar, pioramos muito. Foi desastroso. Portugal, em vez de levantar a cabeça, definhou em frustração e humilhação... Querem castrar 835 anos de história. Não passarão!
Viu-se depois que “a nação” eram apenas alguns oportunistas que assaltaram os cofres públicos e o bolso do povo, para proveito próprio, em meio a grande euforia e grandes promessas e terríveis vinganças e perseguições, em nome da sagrada liberdade, que agora se  mascarou como farsa, em lastimável orgia.
Eu mesmo acreditei e me orgulhei do 25 de Abril por mais de 20 anos. Até conseguir olhar o vintecinquismo, com dados mais realistas, e ao ver o rumo desastroso que tomava o país. Não dá para enganar todos por muito tempo. Muitos acreditaram e muitos se frustraram com a mentira. Um dia a máscara cai!
Assim penso, dentro de minha visão Democrática de nação soberana, de desenvolvimento social e técnico-científico.
“Não há mal que não se acabe, nem bem que sempre dure”.

5. É sabido que os últimos governos simplesmente estão varrendo do país a ideia de Portugal nação.  Mas que afronta! Estão substituindo o orgulho do nosso país, pelo orgulho de ser europeu. Um descalabro. Que vergonha!! Portugal está sendo, cultural e psicologicamente, dilapidado por apátridas! Esquartejado, por uma matilha de hienas selvagens... Portugal está sendo “colonizado” por aventureiros, sem passado e sem futuro. Está pagando caro por isso...
Os símbolos portugueses foram paulatinamente sendo esquecidos, pelo 25 de Abril, até que veio o Filipão, um Brasileiro e ensinou Portugal a ter orgulho de sua bandeira e a expandir sua alegria reprimida.
Portugal, nas escolas, é ou Europa ou Ibéria. Não há mais Descobrimentos Portugueses, mas descobrimentos ibéricos, isto é, na prática, espanhóis. Que vergonha! Dar o que é nosso?!! A quem?!
Somos iberos mas somos Portugal, como os Castelhanos são iberos mas são Espanha. Mas Portugal não é Espanha e nem Espanha é Portugal. É assim que tem de ser. Para sempre. O destino assim quis. E ainda bem!
A Espanha está querendo usurpar o nome Ibéria, que também é nosso. Nossa marca de identidade parte dos lusitanos. Querer apagar Portugal nação é crime de lesa-humanidade.
Vasco da Gama, para o 25, não é mais um grande navegador português, mas um grande navegador da Ibéria. Muitos de nossos grandes heróis devem estar se revirando no túmulo e se vingarão dos farsantes.
A Ibéria que se propõe, é a Espanha dominando toda a Península Ibérica e não a reunião dos povos da Ibéria: Portugal, Castela, Galiza, Catalunha, País Basco, etc. Portugal tem uma individualidade marcante e preciosa, que não pode ser  jogada em vala comum.
Portugal e Espanha devem se respeitar sempre, viver fraternalmente, mas fraternidade não é dominação, nem exploração mútua. É respeitar a soberania de cada um. Que Portugal nunca esqueça o que houve em Olivença, que é paradigma de dominação asfixiante, arrogante e sanguinária de Castela.

Acabaram com a história de Portugal, no ensino básico.
A educação de nossa juventude está sucateada. Lastimável.
Isto é só uma pontinha de perigoso icebergue (sic).
Se alguém puder contestar o que aqui afirmo, com dados válidos e comprováveis, eu ficaria muito satisfeito. Eu gostaria muito que nada disto fosse verdade. Pelas informações que me chegam, é assim e muito pior.
No entanto sabemos, como dizia minha mãe, que:
“Não há mal que não se acabe e nem bem que sempre dure”
Se não nos esmorecermos, o amanhã nos devolverá esperança, com dias melhores e a volta da claridade.
Quem sabe faz a hora não espera acontecer”.

6. Quanto ao que digo de Portugal, digo-o com argumentos. Sobre a linha de reflexão que adoto, há ampla bibliografia que o leitor pode consultar. Crio mas não invento o que informo.

Como cientista da linguagem, eu costumo apreciar sempre os argumentos, em confronto. Peso os dois lados com isenção.
O seu argumento de que somos apenas um país modesto e acanhado não procede. É marca de pequenez.
Foi esse país, nada modesto e nada acanhado, que produziu uma obra que deixou o mundo espantado. Seu argumento interessa apenas aos  que querem justificar sua pequenez mental. Mas a ideologia oficial, hoje, “vende” essa ideia maluca sobre Portugal. Isso é coisa de gente  falida e muito pequena. Portugal não merece essa gente no poder. Predadores no poder?! É macabro!

Portugal é o país que liderou os destinos  do mundo por mais de 100 anos. Até recentemente (1975) era um dos países maiores do mundo.
Hoje, a Língua Portuguesa  é a terceira (3ª)  língua  mais falada no Ocidente. Isto não é gabarito de um “País Acanhado”a que o senhor se refere. Acanhado e fraco é quem pensa assim... reiteradamente.  
Os países não se medem pelo tamanho de seu território. Só os vintecinquistas usam argumento tão débil e talvez tão “palerma”.

7. Quanto a serem portugueses só os que nasceram em Portugal, essa é apenas uma condição acidental. Para ser português de verdade tem de sê-lo de coração e de opção. Não questão de acaso.
Muitos que hoje se dizem portugueses nos documentos, só se consideram europeus ou sei lá o quê.
Mas este argumento que aqui se repete, já lho contestei em diálogo anterior, aqui neste espaço. Reveja-o. Não será difícil encontrá-lo. Uma pessoa pode ter nascido fora, adquirido nova nacionalidade, e ser muito mais patriota que os natos no país.
Está na hora de desafrontar Portugal e lhe dar um governo à altura de seus destinos...

(Continua. Aguarde Réplica 2, amanhã)
 (São Paulo, 04/08/2010)


quinta-feira, 22 de julho de 2010

        CARMEN MIRANDA
         Patrimônio da Lusofonia
J. Jorge Peralta
            Carmen Miranda, a Pequena Notável, que Portugal está revendo em grande exposição, em Lisboa, está sendo vítima de trapalhadas americanas.
            Dela falamos em crônica, anterior:
Como quase tudo que é brasileiro e português, os herdeiros dos direitos da imagem da célebre cantora e artista, e os seus amigos, não souberam divulgar o nome como merece, mantendo-a viva na alma do povo.
Herdeiros?! Artista deveria  ser declarado Patrimônio Imaterial  Nacional. A Nação deveria   zelar por seu nome, sua imagem e sua divulgação.
Rui Castro escreveu a s melhor biografia, de Carmen Miranda, que, podia ser mais cuidada.
Assim mesmo valeu.
Agora um americano quer fazer  um filme da artista. Boa ideia?! Talvez, desde que respeite a identidade da personagem.
Parece não ser o caso. A figura brasileira de Carmen Miranda, desde  o título, está passando, por dançarina Cubana ou Mexicana, que fala espanhol, como diz Rui Castro.
Ao menos o roteiro do filme é uma afronta à Lusofonia. O nome previsto do filme é “Maracas” que tem pouco a ver com a artista.
Carmen Miranda, como bailarina Cubana ou Mexicana?! Nunca. Nada contra os Cubanos ou contra os Mexicanos. Apenas  a cada um  o que é seu. Carmen Miranda é nossa. É patrimônio da Lusofonia. É uma artista  de primeira grandeza. Quem a conhece, sabe.

Infelizmente, os americanos não conhecem o Brasil e os Brasileiros.
De América Latina só conhecem seus vizinhos mexicanos e cubanos.
A Lusofonia não chegou aos EUA. Lastimavelmente.
Carmen Miranda precisa ser lembrada, com sua identidade autêntica, falando português...
O cineasta pode fazer a artista a seu modo, desde que respeite o modo de ser dela mesma.
Que os herdeiros e guardiões do nome de Carmen Miranda e da sua imagem saibam exigir, do cineasta americano, respeito à história da artista e respeito à Lusofonia. Isto é essencial. Que saibam fazer reviver Carmen Miranda e já terão um grande mérito.
Se o americano quer fazer o que os empresários do ramo, no Brasil e em Portugal, não conseguem fazer: Um Grande Filme de Arte sobre Carmen Miranda, que seja bem-vindo o americano.
Mas que seja bem assessorado par anão falsear a identidade de nossa artista.
Carmen Miranda, há muitos anos, deveria estar nas telas, com todo o seu peso, valor e sedução.
É uma artista descomunal, para quem souber ver fundo, semioticamente o que ela representa em nosso espírito, em nossa alma e em nossa cultura.
Carmen Miranda é uma marca  indelébel da brasilidade, naquilo que o brasileiro tem de melhor e de eterno, sem as banalidades que lhe atribuem.
Há outro projeto, no Brasil, para levar a história de Carmen Miranda às telas. Mas não prossegue. Compromissos devem ter prazos  de validade...
Que façam quantos filmes quiserem, desde que sejam leais à artista, aos seus valores e à lusofonia,  e tenham qualidade digna de se ver. Essa  deveria ser a norma.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Futebol e coesão nacional

FUTEBOL
E A COESÃO NACIONAL

J. Jorge Peralta
1. O Jogo Acabou! Viva o Brasil          
A Copa acabou, para o Brasil, hoje. Jogamos o jogo. Viva o Brasil!
A vida é assim; Um dia se perde outro dia se ganha. Ganhou o Espírito de luta! A vida continua no seu percurso normal, mas algo mudou.
Outros também precisam ter a sua vez. O sol nasceu para todos. Que vençam os melhores. A Copa é um grande paradigma da vida real; uma bela metáfora.
Mas que vençam os melhores, sem vergonhosas trapaças... e politicagens. Não queremos  navegar nessas águas turvas...
A Copa do Mundo pode ser  palco para novas reflexões.

No Brasil, algo acontece de extraordinário. Nos dias de Jogo do Brasil, na copa, o País, literalmente, pára.
Em São Paulo, o maior complexo urbano do Ocidente: (a Região Metropolitana da Grande São Paulo, uma área conurbanizada contínua, de 20.000.000 de habitantes), essa realidade unânime  é mais notória.
Nos dias de jogo tudo pára. As ruas, avenidas e praças ficam quase desertas, com muito menos carros e gente do que nos domingos e feriados. Pára o comércio, param as indústrias, pára tudo.
São Paulo não pára de  trabalhar. Só em tempo de Copa, cada quatro anos. Éh, meus amigos, para os pragmáticos eu aviso: Nem só de pão vive o homem!

É impressionante. Toda a gente está atenta ao desenrolar do jogo. Todos se alegram ou entristecem juntos. As grandes jogadas levam todos ao delírio. É uma catarse coletiva... Emocionante... É coisa bela, coisa de se ver.

A Bandeira do Brasil tremula, altiva, por toda a parte. Nos grandes prédios, como em casebres de favelas, tremula alegre e soberana a Bandeira Nacional. Há bandeiras imensas penduradas em prédios. O Brasil é um só corpo e um só espírito. Os corações batem em uníssono. A Copa do Mundo, a cada quatro anos, é o denominador comum de onde emana uma força estranha.
É alegria geral. Se ganhamos comemoramos, se perdemos... Também. Alguns ficam com cara de velório... Ninguém gosta de perder. Ninguém fica indiferente.

2. A Copa faz Bem à Gente
Minha gente, a Copa faz bem à saúde da nação. Faz bem a toda a  gente.
faz mal quando políticos oportunistas se aproveitam para colar, em si próprios, os méritos da nação, para se perpetuar no poder. Mas até isso todos relevam.
A Copa é tempo de perdão e de  fraternidade, sem discriminação.

Em tempo de Copa, como nos outros tempos, no Brasil só há brasileiros: com uma única etnia (?!) e uma única cor de pele: somos todos morenos, todos miscigenados, culturalmente. No genérico moreno estamos os brancos, os negros, os morenos, os amarelos e os vermelhos: as cinco raças do mundo. Cinco sim senhor!
O milagre do Brasil, este País Tropical, é que, na alegria e na tristeza, todos se irmanam, todos são solidários, sem distinção de raça, sexo ou condição social. Somos todos iguais neste país plural e multirracial. Neste país tropical.
No entanto, aqui temos gente de todas as raças que cultivam seus valores próprios, sem prejuízo da unanimidade nacional. É a realização do princípio: Unidade na Diversidade.

Circo, Pão e Honra

BOLA, CIRCO, PÃO E HONRA
Na Lusofonia
J. Jorge Peralta       

1. Ainda como reflexão sobre o Brasil na Copa do Mundo, acrescento:
Diziam os Romanos, na Antiguidade, que o povo quer “circo e pão”.
Dêmos-lhe circo e pão, mas nem só de “circo e pão” se faz um país grande e justo.
Não podemos usar o futebol e a Bolsa Família/Esmola para anestesiar todo um povo, amortizando-o, enganado, desiludido, acomodado, dependente como tetraplégico, e sem futuro. Um povo desiludido é um povo triste. Estamos chegando lá... Queremos um País livre, forte e próspero.
Além do Circo e Pão = Futebol e Bolsa Esmola, precisamos mais e melhor educação e  cultura, mais trabalho para todos e caça aos corruptos,aos desonestos, aos mafiosos, às quadrilha de aloprados, assaltantes da moral, da política, da honra, da cultura e dos bens de quem trabalha de sol a sol. Esses aloprados que hoje estão refestelados em prédios oficiais recebendo benesses por cargos que não passam de  trapaças.
Alguns dizem que o futebol é o ópio do povo. Eu diria: depende. No entanto, mais ópio do povo são as promessas e as trapaças de muitos de nossos políticos, com seus discursos sedutores e vazios e os discursos falaciosos de algumas “religiões” mercenárias que prometem o que não podem dar e ainda cobram por isso.

2. Gritemos de alegria pelo bailado da bola, rolando nos gramados, em grandes jogadas. Mas não silenciemos diante de tantos e tão torpes escândalos de nossos políticos e outras gangues...
Na luta aguerrida dos gramados, precisamos aprender a reagir contra a falta de boa educação e de saúde dignas da nação, a que ela tem direito, e lutar contra os gastos indecentes, de interesses escusos, contra as falcatruas e contra os impostos escorchantes e o abuso do preço da gasolina que não deixam  o país se desenvolver, na medida de suas potencialidades. É preciso dizer bem claro que quem sabe gastar bem o dinheiro é quem o ganha e não quem o recebe, sem mérito e depois o desperdiça. Impostos sim. Mas só os necessários. Que voltem ao povo em benefícios coletivos. O imposto é do povo e para o povo e não do governo. É da coletividade. O governo é apenas o gestor.

3. Enquanto o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) não estiver equiparado ao Desenvolvimento Econômico, os dois em torno da 10ª colocação, o país vai mal. O Brasil é a 7ª ou 8ª Economia do Mundo e seu IDH está num vergonhoso e constrangedor 73º lugar. O potencial econômico do país, não está beneficiando o potencial do Desenvolvimento Econômico não se refletir no desenvolvimento humano, o Brasil com todo os seus encantos, é um país claudicante e capenga.

4. Os princípios que aqui adotamos, valem para toda a Lusofonia, que queremos grande e forte, honrada e próspera, com um povo orgulhoso de seu país, de seu governo e com boa educação e bem-estar.
Ainda acredito que não há ninguém, no belo e promissor mundo lusófono, que não queira cooperar na limpeza de nossas políticas e de nossos políticos.
Todos queremos uma lusofonia de cara limpa e um povo honrado, trabalhador, confiante, responsável, sagaz, desenvolvido, soberano, atento e orgulhoso de seu país, com prosperidade, qualidade de vida e bem-estar social.
Mas não esqueçamos nunca:
“A garantia da Liberdade é a perene vigilância”. Os descuidados já são trapaceados. “A Justiça não protege os sonolentos”.
“Quem não é organizado é tutelado”.


quarta-feira, 23 de junho de 2010

Saramago

SARAMAGO
Um Labutador ou um Provocador?
J. Jorge Peralta

Defendeste a pátria? Cumpriste o teu dever.
A Pátria foi ingrata?! Fez o que costuma fazer
.”
(P. Antônio Vieira)

            1.  Um Homem Paradoxal
O aguilhão de Saramago talvez nos faça falta. Poderemos não concordar com ele, em algumas de suas diatribes polêmicas, no entanto, não podemos negar sua coerência de homem livre. Por outro lado, ele carregou consigo um grande mérito: Suas posições políticas, como cidadão, não interferiram em sua obra: não fez literatura partidária.
Politicamente, no entanto, teve atitudes, para muitos, abomináveis. Ninguém é perfeito... Até dos seus erros podemos tirar ensinamento.
Saramago com sua vida e obra, com seus defeitos e virtudes, estará no Panteão da Lusofonia, quer queiramos quer não.
No Panteão da Lusofonia não cabem ódios nem rancores. Saramago não colocou ódios ou rancores na sua obra. O tempo o absolverá de seus erros políticos. Restará sua obra. Esta o elevará.
Acredito que está na hora de Portugal redescobrir Saramago, sem preconceitos, como um de seus filhos amados, apesar dos pesares.

2. Saramago foi um homem e um artista que teve como seu grande mérito, o seu esforço por acordar a sociedade de certa letargia: provocou as pessoas para que refletissem, em busca da consciência do ser. A rejeição que ele teve faz parte dessa tomada de consciência...
A incredulidade que ele tanto propagava, acredito que faz parte de seu processo de provocação à sociedade para que sua fé não seja em decorrência de uma tradição formal, da inércia e de uma vontade de ser igual e de não destoar do meio em que convive.
Talvez uma afronta, subconsciente, ao “pensamento único” e “inquestionável” que move ações e atitudes, mas não move corações, convicções e sentimentos coerentes, e conscientes.
Não move o espírito.
Suas polêmicas acordaram muita gente. Ribombaram como trombetas...
Mas as pessoas não gostam de ser “perturbadas”, como os homens não gostam de ir ao médico.

Mesmo quando acusou Deus e todas as religiões, por todos os males e misérias do mundo, por todas as guerras e maledicências, provocando um grande terremoto de agressões e contestações e constrangimentos, acredito que foi mais um ato provocativo de bom resultado. Fez as pessoas pensarem e reagirem. Despertou consciências.
Acordou os que estavam sonolentos, “estagnados”, no átrio das igrejas.
Ajudou a curar a cegueira de muitos...
Até o seu último romance, “CAIM”, com todas as suas inconsistências, foi uma obra que, socialmente, deixou um saldo positivo. Provocou uma grande corrida à Bíblia, para conferir os textos originais...

3. Sejamos Críticos, mas não Injustos
Podemos e devemos ser críticos, mas não injustos. Não podemos demonizar as pessoas.
Podemos não concordar em tudo o que Saramago agitou, mas não podemos deixar de reconhecer o valor de sua lealdade a princípios, até quando abala alguns dogmas da Igreja. Até quando venerou o “bezerro de ouro” do poder despótico e deletério de seu país, que nos causa repugnância.
Naturalmente podemos discordar de muitas de suas posições, mas não podemos deixar de dar valor à sua bela história humana.
Tanto política como literariamente, Saramago foi um homem coerente. Nunca temeu perder leitores com suas atitudes. Isto ninguém pode negar. Foi um homem de coragem. Ao contrário de muitos que o criticaram...
Saramago foi um homem simples. Um homem dedicado à sua obra.

4. Vai-se o homem, fica a obra. Devemos perdoar-lhe (?!) alguns de seus eventuais desvios, mas não podemos de deixar de apreciar o difícil percurso, seguido por um homem humilde de nascimento, que conseguiu subir todos os degraus da fama e encantar milhões de pessoas, com mérito e qualidade. Saiu do anonimato, para se projetar na história, como um vencedor que, com sua obra literária, deixou o mundo mais belo.
Acredito que não vendeu sua alma ao diabo... Se vendeu, recuperou-a.

Já vi pessoas lendo Saramago nos lugares mais inesperados, como em praias do Brasil, em banco de praça e nos metrôs de Lisboa... etc, etc.
Foi um grande escultor da frase e um genial contador de histórias.
Diz uma grande crítica literária brasileira:
Com ele, a Língua Portuguesa readquiriu, ao mesmo tempo, a majestade de um Vieira, o humor de um Eça de Queirós e a beleza poética de Pessoa prosador” (Leyla Perrone-Moisés).
Chico Buarque fala de Saramago como “um ser humano admirável, um escritor imenso, um zelador apaixonado da Língua Portuguesa”.

Sei que estas ideias são uma reviravolta naquilo que muitos pensam em Portugal sobre Saramago.
Precisamos repensar sempre nossos conceitos, quando surgem novas luzes. Não nos fechemos à luz, como as ostras.

5. Saramago no Brasil
José Saramago tinha profunda estima pelo Brasil, que muito admirava.
No Brasil tinha e tem muitos milhares, talvez milhões de admiradores. Aqui veio muitas vezes. Sentiu o coração do Brasil palpitar no ritmo e com a força do coração português. Era e é o autor mais vendido da etiqueta literatura estrangeira. Aqui falou sempre bem de Portugal.
Do Brasil dizia:
Somos gente da mesma família,
de uma mesma língua,
de uma mesma cultura que é, embora diferente, a mesma”.
Para ele, o Brasil e Portugal estavam fadados a viverem unidos.
Saramago sempre se sentiu muito bem, entre os brasileiros, que retribuíam com grande carinho. O Brasil é um novo Mundo.
No Brasil encontrou o céu em vida. Foi muito amado, aqui. Porque ele era muito bom. Mas nem todos souberam ver o que ele nos oferecia...
Em Portugal Saramago foi muito antipático. Isto é questão circunstancial; não diminui o valor de sua obra e de sua vida.
Precisamos apreciá-lo com certa objetividade, desapaixonadamente, para não sermos atropelados pela história. Saibamos que a realidade tem muitos ângulos, e não só um.

6.  Saramago vai ao Paraíso
Até Deus Pai, lá do Céu, quando Saramago chegou, foi recepcioná-lo à porta, junto com São Pedro, o homem das chaves.
Deu-lhe as boas vindas, com um grande abraço.  E ele encabulado... sem dizer nada...                                    
Tinha aqui na terra, falado muito mal de Deus e do seu Cristo! O Pai logo atalhou: filho, eu ausculto os corações... Quando falavas mal de mim, criticavas o que eu não era e não a mim. Criticavas porque amavas o que eu sou. Eu sou justo e generoso. Sou a Sabedoria.
Muito do que fizeste, às vezes por caminhos tortuosos, fez as pessoas pensarem e acertarem suas vidas. Tiraste muita gente da monotonia e da inércia.
As pessoas te criticavam mordazmente e com razão; mas fizeste-as pensar. Já te deram a pena que mereceste.
Vem comigo. Também aqui terás por missão provocar, em todos, um sorriso largo, com teu humor e teus paradoxos. Precisamos inovar sempre... Precisamos despachar mais sinais de esperança para teus irmãos, lá na terra de onde vens.

            7. O Grande Legado de Saramago
A vida e a obra de Saramago, o segundo Prêmio Nobel da Língua Portuguesa, têm algo de monumental que apela à nossa consideração.
[Nosso primeiro Prêmio Nobel foi o Médico, Dr. Egas Moniz, (1949). Um grande  homem.]
Quaisquer que sejam as nossas apreciações, Saramago é um imortal, em dimensões de literatura universal.
Saramago saiu da vida e entrou na história.
Na história ele continua vivo, em outra dimensão. Ninguém conseguirá tirar-lhe o que lhe pertence. Os méritos são dele.
Seus críticos vão e ele fica.

Agora cabe a nós fazermos a nossa lição de casa, sem preconceitos e sem simplismos.
Compete a cada um de nós detectar onde está os melhores tesouros que nos legou.
Se soubermos olhar, apesar dos percalços, o saldo é muito positivo. Merece o nosso apreço e a nossa consideração.
A posteridade, apagados os erros de percurso, saberá lhe fazer justiça, enaltecendo a sua imagem.

Não podemos repetir o que o país tradicionalmente fez com as pessoas que mais se destacavam no seu povo. Estas, de praxe, são renegadas por seus contemporâneos. O P. Antônio Vieira, um dos maiores ou talvez o maior sábio do século XVII denunciou este costume execrável, de que ele quase foi vítima.
É de Vieira esta frase constrangedora:
Defendeste a pátria?
Cumpriste o teu dever.
A Pátria foi ingrata?!
Fez o que costuma fazer.”
Lembremo-nos de que Camões, se não fosse a dedicação de seu escravo, teria morrido de fome. E que Pessoa também foi rejeitado por muitos, no seu tempo. Vieira, se não fosse tão sagaz, teria sido queimado pela Inquisição, e foi uma das maiores inteligências da História de Portugal e do Brasil, de todos os tempos.
Aguardemos o que o futuro dirá de Saramago. Ele ainda está muito vivo. Como estará daqui a 50 anos? Se ele merecer a glória, glória terá.

Nota: As fotos de José Saramago foram adaptadas do Jornal “Folha de São Paulo”.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

maratona

O MENSAGEIRO DA MARATONA
Quem tem o que dizer não pode calar-se

- Reflexão Preliminar -
J. Jorge Peralta

1
A VERDADE COMO CONDIÇÃO

Quando elaboramos certo trabalho é como quando plantamos árvores: Queremos que dêem sombra e frutos. Esforçamo-nos para que as pessoas tomem ciência  dos argumentos e reflexões que propomos. Mas o que propomos  não é nosso. Então compete a todos incrementar tais propostas, se forem realmente justas e  oportunas.
Certos anacronismos já foram longe demais. Fizeram estragos avassaladores...
O texto, “Abalos na Igreja, Crise na Humanidade”,  em alguns momentos, é abertamente  contundente, mas procura ser sempre muito cordato. Quer pensar junto. Expõe mas não impõe; nem claudica.
            Defende princípios, defende o bem da humanidade, defende uma visão espiritualista e humanista  da vida, numa posição plural.  Defende a Igreja  do Evangelho, como algo de extraordinário, no mundo. Propõe a sua revitalização permanente.
Considera que a Mensagem do Evangelho parece que, para muitos, virou rotina. No entanto, ele deve ser lido com o mesmo deslumbramento de quem observa, pela primeira vez, o esplendor do alvorecer do sol, em manhã de Primavera.
            Propõe um diálogo franco, leal e aberto.
Vivemos em tempos belicosos. Os contrastes e conflitos estão à flor da pele. Todas as grandes ideias e valores da nossa sociedade estão  na mira dos novos “comandos” ou de novas patrulhas. O que é indefensável deve ser descartado antes de desmoronar. Criticar o que é criticável é uma obrigação de quem sabe o que diz e faz.
Precisamos vencer o dogmatismo vazio de muitas autoridades. Pensar com responsabilidade e ousadia  é dever de todos. Precisamos estudar, estudar, estudar e ter a mente atenta. Denunciar ideias anacrônicas é atitude digna de gente generosa.  Negar o diálogo franco é autoritarismo anacrônico.
Criticar com lucidez é somar e multiplicar e não diminuir e dividir. O poder não exime a pessoa de errar. Criticar uma instituição, ou pessoa , não é necessariamente  desrespeitá-la. Respeitar alguém não significa  obrigar-se a uma aprovação irrestrita do que ele pensa e faz. Respeito é lealdade e verdade e não bajulação. É a verdade que constrói.
As pessoas de boa vontade não podem ter medo de ter opinião e de expressá-la. É a verdade que liberta.
Quem tem algo para dizer não pode se calar. Mas precisa ser razoável e respeitador.
O que falo aqui pode incomodar alguém. É condição natural. Não é possível agradar a gregos e a troianos. Quem a todos quer agradar, a todos desagrada, por falta de sinceridade. A pessoa  que trouxe a Mensagem mais revolucionária da história, agradou ao povo, mas desagradou a certos mandatários que foram à desforra no Palácio de Pilatos.
É sabido que a estrada da vida tem naturais tortuosidades...

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MUDANÇA SIMPLES E ARROJADA

Na década de 60, quando trabalhei na CNBB – SP, como técnico, fui chamado pela equipe de Liturgia, dirigida, por Frei Luiz Gonzaga, um sábio franciscano, para participar da equipe de reformulação do Ritual do Matrimônio, dando-lhe uma linguagem mais atual.
Na redação final, a ser apresentada  ao episcopado, consegui que todos  concordassem, após muitos debates,  com uma mudança substancial: troca da fórmula clássica: “Até que a morte nos separe”, por:  “por toda a vida”,  uma fórmula  alegre, jovial e profunda. Fui convocado para, numa reunião do episcopado, discutir, juntamente com Frei Luiz, as alterações propostas.
Fomos sabatinados com muita seriedade.
As questões mais intensas foram sobre a mudança da fórmula  clássica e central , já citada. Defrontamo-nos com argumentos difíceis e complexos. Argumentei que “por toda a vida” é mais intenso do que “até que a morte  nos separe”. Que o amor é mais forte que a morte... Que Cristo veio trazer vida, etc, etc. O óbvio...
Ao final da sabatina, retiramo-nos, meio receosos de que a mudança não passasse... Todos achávamos a solução luminosa. Não queríamos que se perde-se. Não se perdeu.
 No dia seguinte recebi, comovido, um grande abraço de Frei Luiz, cheio de alegria: “O Novo Ritual foi aprovado...”. A vida venceu a morte, pensei. A igreja está rejuvenescendo...
Hoje, em todo o Brasil, e quero crer que em todos os países de Língua Portuguesa, é com essa fórmula que se chega ao ápice da Cerimônia Religiosa do Ritual de Casamento Católico. (“Por toda a Vida”)
Alegrei-me , discretamente, e continuei  o meu trabalho com a equipe. Foi um dia de muita alegria, como, aliás, todos eram. Vi muitos momentos assim... discretamente emocionantes...

Deste fato, tão simples, em si,  eu me convenci de que, em questões
sérias, nunca devemos falar gratuitamente, sem pensar. Mas, por outro lado, ideias bem pensadas e amadurecidas, não devemos nos acanhar de as propor à sociedade e a quem de direito. “O Espírito fala onde quer”.

           
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TRAJETÓRIA DE UM TRABALHO RESPONSÁVEL



Este texto, “Abalos na Igreja”,  foi um trabalho intenso de mais de dois meses. Alegro-me porque o escrevi. Acredito que estou fazendo a minha parte, prestando serviço à humanidade. A Igreja representa uma parte significativa da humanidade.
Se a Igreja melhorar sempre, o mundo ficará muito melhor.
Precisamos cuidar mais da mensagem do que dos dogmas. Dogma sem Mensagem não diz nada.

            Este trabalho foi enviado na primeira versão, na 5ª Feira Santa - 01/04/2010, a diversos Departamentos da CNBB e a outras autoridades.
Recebi estímulos fortes e nenhuma “censura” nem  velada. De Lisboa, de um sábio Pe. Jesuíta, vieram-me os mais fortes apoios e estímulos. Os pastores teólogos têm mais sensibilidade. São mais atenciosos. Não são arrogantes. Mas os grandes teólogos também  podem ser bons pastores.

Prossegui o trabalho. Enviei-o, mais aperfeiçoado, a diversos Departamentos da CNBB, no início da última Assembléia Geral (4 a 13 de maio de 2010). Os Bispos são pastores e gestores. Precisam ouvir, mas podem não ouvir. Precisam de muito saber e mais sabedoria.
Sei que o trabalho que enviei exerceu alguma influência.
Diz Vieira que  o lugar privilegiado de o demônio se  refestelar é nas igrejas. Ele vai se imiscuir, disfarçado, entre os bons, para desviar-lhes o caminho...
É nas boas searas que o inimigo gosta de espalhar a cizânia.

Isto novamente me diz que a Igreja é, sim, o Povo de Deus e que “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”. Devemos falar, “oportuna e inoportunamente”.(II Timóteo 4,2).
A Mensagem não é nossa. Devemos repassá-la ao destinatário.

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CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ESTIMULANTES

Na Igreja, como em todas as Instituições, políticas, culturais ou religiosas, há “alas” distintas com posições eventualmente conflitantes, em termos de estratégias. Há também os que querem a Instituição imutável, com receio de perder vantagens pessoais ou grupais, ou com medo do mar tempestuoso...

Assim, certas afirmações  que marcam posicionamento, são rejeitadas por uns e exaltadas por outros. A unanimidade real é difícil e nem sempre é conveniente.
Todos os posicionamentos precisam ser considerados para que a Instituição não encalhe... Nem se quebre no próximo rochedo. A Igreja viverá sempre num equilíbrio instável, como tudo o que tem vida. As convergências e as divergências sempre nos acompanham.
Quando temos algo a dizer, não temos direito de nos calarmos. Mas precisamos ter convicção e sobriedade.
Precisamos  ser cuidadosos e fiéis como Mensageiro Filípedes,  após a batalha de Maratona, na Grécia Antiga.

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PERSPECTIVAS

É com estas ideias que convido o leitor a ler este trabalho: “Abalos na Igreja, Crise na Humanidade”.
A motivação, à partida, foi a campanha sórdida, em torno da pedofilia na Igreja. Denota fraquezas que precisam ser superadas. Vemos agora que só a verdade constrói. Não somos pescares de águas turvas.
Escrevi do ponto de vista da sociedade civil, como cidadão, com uma visão plural. É nesta perspectiva  que quero ser lido.

Dou novo enfoque à questão e proponho uma atitude corajosa e séria  de revitalização da Igreja. Ao final sintetizo as ideias em 10 (dez) propostas iniciais. Faço um apelo à sabedoria. Esta é a marca que tem de nos identificar, como pessoas pensantes, conscientes e consequentes.
O trabalho quer contribuir para a reconciliação de Igreja, com a Dinâmica social, numa sociedade plural.
Leia e comente. Somos todos responsáveis.